PT, por outro lado, acelerou coleta de assinaturas para afastar rumores de que estaria envolvido numa 'operação abafa' para proteger parlamentares
João Domingos e Eugênia Lopes, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O PMDB quer ser tutor da CPI do Cachoeira e assim negociar com o Planalto os rumos da investigação sobre as ligações políticas do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A ideia é mostrar que a CPI é uma "invenção do PT" e que, uma vez instalada, vai acabar respingando no governo de Dilma Rousseff por culpa do voluntarismo de seu próprio partido.
João Domingos e Eugênia Lopes, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - O PMDB quer ser tutor da CPI do Cachoeira e assim negociar com o Planalto os rumos da investigação sobre as ligações políticas do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A ideia é mostrar que a CPI é uma "invenção do PT" e que, uma vez instalada, vai acabar respingando no governo de Dilma Rousseff por culpa do voluntarismo de seu próprio partido.
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O PT, para amenizar os rumores de que estaria envolvido numa "operação abafa" para proteger os parlamentares citados nas conversas com Carlinhos Cachoeira, correu nesta terça-feira, 17, para colher assinaturas a favor da CPI tanto no Senado quanto na Câmara. O requerimento de criação da CPI mista necessitava de pelo menos 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado.
Por volta das 21h, a CPI foi protocolada com 67 assinaturas no Senado e 340 na Câmara. A oposição, que continuou denunciando a tentativa de "a CPI já nascer com cheiro de pizza", também foi atrás de apoio para as investigações.
Pelo Planalto, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) disse que o governo não participará de "nenhuma operação abafa", porque a agenda do Executivo é outra: aprovação de projetos como a Lei Geral da Copa e a flexibilização da Lei de Responsabilidade Fiscal.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) reagiu contra a tentativa da base de excluir das investigações da CPI empresas e pessoas ligadas ao governo. "Não podemos começar uma CPI tirando ou incluindo de uma forma discricionária A ou B, seja agente público ou privado."
Detentor da presidência da CPI, por ser o maior partido no Senado, o PMDB vai esperar para ver o PT chegar ao auge do desgaste com a presidente, para assim aparecer como o "salvador da Pátria". "Essa pode ser a CPI mais sangrenta da História", disse o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO). "Nós não queríamos a CPI. O PT insistiu em fazê-la. Tudo poderia ter sido resolvido pelas investigações da Polícia Federal e Ministério Público", afirmou Raupp.
O PMDB manteve a cautela enquanto petistas e oposição iam atrás das assinaturas. "Não há mais como deixar de assinar a CPI. Mas temos a consciência de que o PMDB não é um partido com vocação para pitbull. Não temos essa espécie na nossa bancada", disse o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Eunício Oliveira (CE). Ele avisou ainda aos petistas: "Não botem no colo do PMDB um problema que não é dele".
Antes de liberar a assinatura de parlamentares a favor da CPI, o PMDB buscou orientação do Planalto sobre a investigação. O líder no Senado, Renan Calheiros (AL), perguntou ao líder do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM), qual era a ordem. Braga respondeu: "Não tenho nenhuma orientação".
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