Líderes de DEM, PPS e PSDB querem que presidente enfrente os peemedebistas, seus principais aliados, e estenda limpeza imposta nos Transportes; governo divulga mensagem de apoio a Rossi
Eduardo Bresciani e Célia Froufe / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Pouco menos de um mês após ter divulgado uma nota em apoio ao então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, a presidente Dilma Rousseff foi obrigada neste domingo, 7, a lançar mão do mesmo expediente na tentativa de salvar o chefe da pasta da Agricultura, Wagner Rossi. Essa manifestação pública do Palácio do Planalto é mais um sinal de que a crise política que há três meses envolve o governo federal deverá se arrastar nos próximos dias e, a depender da oposição, vai culminar na demissão de mais um ministro sob suspeita de irregularidades.
Em maio, Dilma já havia defendido publicamente Antonio Palocci, à época no comando da Casa Civil. Mas, assim como Nascimento, ele acabou sendo forçado a deixar o cargo, acusado de desvios éticos. Semana passada, Nelson Jobim perdeu o cargo na Defesa por conta de declarações desfavoráveis ao governo. Agora, Dilma terá de enfrentar problemas com Rossi, ministro indicado pelo principal aliado do PT no governo, o PMDB do vice-presidente Michel Temer.
"A presidente Dilma Rousseff reitera sua confiança no ministro da Agricultura, Wagner Rossi, que está tomando todas as providências necessárias", afirmou a Secretaria de Imprensa.
A oposição cobrou ontem da presidente uma "faxina" no Ministério da Agricultura, nos mesmos moldes da feita na área dos Transportes. Para os parlamentares oposicionistas, Dilma não pode proteger Rossi simplesmente por ele ser do PMDB e afilhado do vice-presidente. A pressão cresce em função da queda, no sábado, do secretário executivo da pasta, Milton Ortolan, após a revelação de seu envolvimento com o lobista Júlio Fróes.
As evidências de loteamento político e inchaço no ministério devem tornar mais duro o depoimento de Rossi no Senado, ao qual ele irá na quarta-feira. E o ministro inicia a semana mais fragilizado, pois a Controladoria-Geral da União encarregou 12 auditores de um levantamento sobre contratos e convênios do Ministério da Agricultura.
Meta é CPI. O líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), disse que o objetivo da oposição é conseguir abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito na qual se consiga investigar denúncias de corrupção nas diferentes esferas do governo. Ele destacou que a postura diferente de Dilma frente às acusações na área de Agricultura confere à atuação dela no caso do Ministério dos Transportes aspectos de jogo de cena.
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